Surfar de novo
Quando me liguei pela primeira vez à Internet decorria o ano de 1995. Durante esse tempo muita coisa mudou. Não só no mundo, nas nossas vidas pessoais, como na Internet em si mesma. No principio da massificação do uso e dos utilizadores, era apenas de um dominio restrito (remonto-me à esfera do .pt), mas com imensa informação que toda a gente disponibilizava de forma gratuita e com vontade de partilhar informações, quase todas as páginas que acediamos continham links para outras páginas, outros assuntos. Daí advinha a expressão surfar na net.E fazia sentido. Era como se apanhassemos uma onda e depois deixassemo-nos levar por onde a força da onda nos levasse, ou uma ou outra acrobacia nos mudasse a atenção e a vontade. Muita gente conhece o termo HTML, mas poucas pessoas sabem que o HyperText Markup Language que é a linguagem da web, controlada pelo HTTP (HyperText Transport Protocol) serve para isso mesmo, para nos levar para aqui e para ali, saltando de uma parte de um texto para outra parte de outro texto noutro lado qualquer havendo entre eles uma ligação qualquer (o link). Esta é a Internet tal qual foi sonhada um dia. Mas depois... depois como sempre vieram as empresas, o comércio, o dinheiro que tudo manipula e corroi. Vieram os portais de informação especifica com imensas ligações mas todas concentradas no mesmo sitio, no mesmo tipo de informação. Vieram as empresas com a informação paga e vedada a passwords. O mundo da informação livre tinha-se fechado. Já não se podia surfar. Tiraram-nos do mar e colocaram-nos numa piscina de ondas a 2 Euros a hora. Já não tinha o mesmo sabor. E a net, embora continuasse util, um imenso Larousse multimedia, tinha perdido o sentido inicial pela qual tinha sido criada. Tinha perdido a beleza, a beleza de uma coisa que tanto se fala, pela qual se luta e se guerreia: a liberdade.
Até que me apresentaram aos blogs (obviamente através do outro gume desta Espada Relativa). Que havia este de direita e aquele de esquerda e que desse uma olhadela. Sou curioso, não resisto, e lá fui. Comecei por um, saltei para outro, depois dali para um artigo de um jornal estrangeiro, depois voltei e acabei numa opinião oposta. As horas passavam e eu andava de blog em blog, por vezes para fora de blogs, para jornais, para revistas, para imagens, para musicas... estava a surfar de novo! Arrisquei um comentário ao segundo dia. Obtive logo uma resposta em forma de e-mail, e ainda por cima com a mensagem de que devia ter um blog. Aceitamos o desafio da Memória Inventada. A ideia de compartilhar fez sempre sentido para mim. Para nós.
PS: Muitos são os que nos tem apoiado e dito coisas simpáticas e alguns colocando-nos nos seus links. À Memória Inventada, ao Fumacas, A Coluna Infame, Blog dos Marretas, Cruzes Canhoto, Intermitente, Valete Frates o nosso apreço pela atitude. Foi a vossa prosa que nos chamou a atenção para a blogosfera!!
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