quinta-feira, abril 17, 2003

A Memória-Video (Videomemory)
I. START RECORDING...

II. A carne arranca o motor, comutando o STAND BY em ON. Um pequeno botão, da carcaça física da nossa mente. Uma viagem até ao recôndito passado, um REWIND esmagador até ao inicio da nossa existência, como nos sonhos ou nas sempre efémeras recordações. Pequenas visões, SHORT REPLAYS, na nossa máquina, o próprio eu - VIDEOMACHINE...

III. Um pequeno filme, algures escondido nessa complicada máquina de tão evoluída tecnologia. Agrupamento de elementos pictóricos, um-a-um, à cadência silenciosa e imperceptível de 25 STILL-FRAMES ao segundo. Guarde-se a imagem de um lugar (o cenário), de um rosto (a personagem), de uma lágrima (a mensagem); do ZOOM ao CLOSE-UP, termos tão inutéis como as recordações esquecidas na nossa mente. Identifiquem-se as fotografias - esse esplendor, a luz - STILL-FRAMES rebuscados ao VIDEO, à nossa memória - VIDEOMEMORY...

IV. Nesta tua fantasia onírica, videográfica, podes procurar o exacto momento do bem ou do mal que pretendes achar. FAST REWIND ou FAST FORWARD (REVIEW/CUE), como se a tua vida passasse loucamente numa veloz vertigem de imagens. A tua memória condicionada ao visionamento das gravuras da tua mente, guardadas em fitas magnéticas que não te atraiem MAGNETIC VIDEOMIND...

V. Neste mundo de aparências visuais, agarrado a esteticismos da cor e da luz: a fotografia, a fotogenia, o falso parecer para bem parecer. Nada como guardar essa hipocrisia em combinações binarias de gravação e/ou leitura digital. A nossa memória fica mais feliz com essas imagens sempre irresistíveis das recordações caleidoscópicas. Até que um dia, um sádico louco carregara no botão vermelho do CONTROL REMOTE e apagará para sempre as ilusões, os sonhos e as lembranças polarizadas magneticamente nessa nova memória - VIDEOCASSETE...

VI. STOP RECORDING.

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