quinta-feira, abril 24, 2003

::O bilhete
Se eu tivesse tempo contava-te uma história. Sim, uma história bonita como tu. Agradecia o beijo de mel que me deste. Obrigado por me teres dado umas prendas tão bonitas. Escusas de me devolver o dinheiro que deixei em cima da mesa da sala de estar, é para dividir as despesas do jantar. Como tu cozinhas bem. Não me telefones para o escritório, o meu patrão não gosta. Em minha casa não deixes mensagens no gravador. Amanhã mando-te umas rosas a agradecer. Foi um dia muito agradável. Ficas muito bem a dormir. Assim tão sossegada como um anjo. Não me procures, se quiseres esperar que te procure é contigo. Não chores, não vale a pena. Nem sequer deves ficar bonita a chorar. Algumas raparigas é que ficam. Tu não. Prometo telefonar-te nos teus anos. Sim, eu sei, ainda falta muito. De qualquer maneira não nos faz bem encontrarmo-nos. A última coisa que eu queria era acordar-te. Ficas mesmo bonita a dormir. Tenho de ir. Não posso ficar a dormir contigo, os meus filhos não iam gostar. A minha mulher muito menos. Chama-me todos os nomes feios que te lembrares, mesmo todos. Mas não fiques com má impressão de mim. Agora é que é. Tenho de ir. Não prometo voltar. Já sei que não me vais querer ver. És tão bonita que eu não podia recusar. Nem devia. O que é isso de amar? Eu não sei. Tu sabes? Não consigo parar de escrever. Já é tarde. Tenho mesmo de ir. Adeus.

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