Insomnie
Voltei ao espirito da minha infância, o de viver contra o tempo establecido como normal. Já lá vão duas semanas e não consigo ter um sono continuo. Em miúda achava que dormir retirava muito tempo à vida, por isso ainda hoje tenho uma certa aversão a dormir. Penso sempre nas longas noites em branco que passei com um certo carinho, a solitude da noite condiz com a alma. Estas noites trazem o melhor que a vida tem, umas horas em que estamos em sintonia com a alma. A calma que se espelha nas ruas sossega-nos, faz-nos tranquilos. O conhecimento de os demais estarem totalmente desprevenidos no sono dá-nos um pequeno sentimento de poder, os outros sonham indefesos e nós aqui como que a velar por eles.
Esta nova vida de deambulações bloguisticas só veio complementar uma faceta, antes escrevia em papeis soltos que tempos depois queimava, achava que o que tinha escrito deveria ser efémero como o tempo em que o havia escrito. Hoje não. Tenho pena das muitas palavras lavradas e logo voltadas ao esquecimento pela chama ardente da lareira. Poderá ser pretensioso o querer partilhar o sentimento do momento, mas tem o seu quê de corajem o deixar os demais prescrutarem o que dizemos.
Sem comentários:
Enviar um comentário