sexta-feira, julho 11, 2003

Humana

Desde o início que sinto uma leve nostalgia assaltar-me o estômago, como uma carícia de uma bebida fria no meio do Verão. Tenho o direito de ter os olhos fechados, de estar cansado da luz do tungsténio que se assemelha a um sol hipócrita. Tenho o direito de ouvir a música que quero; fechado no pequeno compartimento egoísta do meu walkman. Walkman? imagine-se... Não posso agarrar a tua alma, é impossivel agarrar as almas egoístas, mas sempre posso, no compartimento íntimo e turbilhante da minha imaginação, rever-te a dançar na tua maneira peculiar de dançar. Mal, mas que importa? É a tua maneira de dançar, e nalguma coisa tinhas de ser verdadeira como a certeza de que o dia sucede à noite e a morte virá. Ou pelo menos, no modo selvagem em que eu acredito ser esse o único de assumires uma imperfeição; o que só te torna mais bela porque, afinal, mais humana. E é na humanidade de cada um de nós que se encerra a beleza mais pura. Ou não.

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