O céu arredou-se de mim e correu lesto no pôr do sol feito de pó e areia. Emaranhou-me na sua teia de tranças finas, de finos cabelos áureos que brilhavam com os ultimos fogachos de um ócaso outonal. E correu a boca sua de veludo sobre a minha, com o riso de vestes luxuosas, pele de seda debruada a ouro e prata, e corria a boca na boca de vez em vez, na boca minha de lareira, de achas de madeira e de cinza. O céu, o céu sempre a fugir a esfrangalhar-se em trapos que cobriam a noite num nevoeiro espesso. E a boca, sobre a boca dos sorrisos foi dado um beijo no ócaso.
23.Outubro.91
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