quinta-feira, julho 10, 2003
Nas maos do tempo
Estendeste-me a mão com as cicatrizes do destino expostas na sua palma. Tu dizes não acreditar nisso. Eu também não. Recebo-a na concha quente que as minhas mãos formam. Como nos fomos conhecer, pergunto-te. Tu foges da palavra destino numa resposta longa e sem nexo. Para o acaso, para as coisas inexplicáveis que nos acontecem, utilizamos a palavra destino. Há coisas tão simples como nos cruzarmos por razões que não nos ligavam. E porque estamos juntos, perguntas tu. A tua outra mão, de novo, sobre as minhas que ainda guardavam a tua, adormecida no murmúrio do conforto das minhas. Dou uma resposta simples, sem me ferir na profundidade de intenções que as tuas palavras abriam. As respostas simples não te agradam, e a fuga das tuas mãos elegantes do permeio das minhas pronuncia um distaciamento que o meu silêncio agudiza. Desvias o teu olhar como um paragráfo de texto escondido no meu olhar. O tempo são reticências que se vão somando umas atrás das outras.
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