segunda-feira, maio 12, 2003

O cheiro e a leitura
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Dois dias depois do meu post sobre a transgenia e os maus cheiros, na Coluna disparam sobre a directa proporcionalidade entre a quantidade da leitura e a qualidade do mau cheiro. Eu iria mais longe, porque tal razão directa me parece excessiva, e enquadraria o problema mais na vertente de uma certa estética e valores de alguma classe auto-proclamada de intelectual. Não sou a favor de elitismos, de sobranceria, e de arrogâncias; e, se me irritam as poses de bem-parecer, tão bem encaixadas num corte e perfumaria Channel, na sua altivez de classe dominante assente no pedestal dos valores económicos, também me repugna a arrogância intelectual de quem se despoja de supostos valores materiais e enverda por uma estética de valores contrários aos ditados pelos valores monetários. A charneira entre a sobranceria de uns e a arrogância de outros não existe, e uns são um decalque dos outros nas intenções.
Dai parecer haver uma ligação directa entre a vacuidade mental do usuário de um enebriante e caro perfume francês e o cheiro infecto de um acérrimo e culto leitor com ares de intelectualidade. Ambos habitam um mundo de excessos, com visões redutoras sobre o mundo. Uma espécie de fundamentalismo que me perturba, que como todos as facções extremistas são pouco tolerantes. E se há coisa que eu não tolero, é a intolerância.

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