A barba grisalha
Sossego a dor com um sopro nos nodos dos dedos. A parede nada sofreu. Abro e reabro a mão testando a sua funcionalidade. A rua lá em baixo deserta, apenas o homem de barbas grisalhas, no seu movimento cansado de todos os dias, a percorre. Na sua bicicleta, lentamente, galga o tempo que ainda lhe assiste a vida. O destino está garantido para aqueles que nele acreditam. Todos os finais de tarde o vejo, na sua velha bicicleta negra de selim de couro, tentando desenhar uma linha recta, tentando controlar o seu destino. Não adianta partir copos, magoar paredes a soco, paredes que não gritam, que não nos ouvem, que não nos maçam. O passado é imutável, inalterável como a parede que pretendi ferir. O homem de cabelos grisalhos, lentamente, puxado pelo magneto da sua sabedoria, chegará a quem o espera.
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