A vida pode ser complicada quando se vive com mais nove pessoas em casa.
Lembro-me de na infância sentir um desejo de ter um espaço só para mim, sem interrupções nem distrações dos demais - a veia contemplativa é herditária - para egoísticamente me voltar sobre mim. Lembro-me do olhar reprovador do meu pai, que sempre nos ensinou que o que temos de mais precioso é o estarmos unidos. Lembro-me dos meus irmãos se meterem comigo por estar sempre a um canto. Lembro-me das preocupações que dei aos meus pais pelo mau feitio que tinha (e ainda tenho, mas já muito melhorado!). Mas lembro-me sobretudo dos almoços de domingo em que, e para espanto de observadores exteriores, todos nos sentavamos à mesa e nos comportava-mos lindamente, sem algazarra nem confusão (sempre eramos mais de dez...). Hoje olho para trás e pergunto-me qual seria o segredo dos meus pais para semelhante (nos dias que correm os almoços são com os adicionais conjuges e descendências o que prefaz as vinte almas ao almoço), e às vezes parece um festival. O principal traço que me sobressai era o imenso gosto que o meu pai tinha na paternidade, posso adiantar que poucos pais tiveram o cuidado que ele teve em acompanhar os seus filhos, e não eramos poucos... Guardo religiosamente um episódio, quando tinha 14 anos, e que se poderá comparar às escrituras, na passagem em que o Senhor caminha na praia com um crente (este episódio também se passou numa praia e muito contribuiu para que hoje em dia eu tenha uma percepção muito mais vasta do que é a vida).
Nem sei para que estou aqui a escrever isto...A não ser para fazer um tributo à pessoa que mais admirarei sempre na vida.
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