sexta-feira, junho 20, 2003

A Praia

Permaneço imóvel, debruçado sobre o teu sorriso como se ele fosse uma janela para o mundo. Não percebo como fomos morrer na praia. Escondes-te por detrás de um vidro negro que colocas sobre os olhos. Uma metáfora penso eu, tu não te dás conta. O teu olhar de soslaio atravessa o café e vem em ondas de encontro a mim. O calor abafa-nos os sentidos. Conhecemo-nos no inverno onde o teu olhar ainda verde de menina me gelava a razão, e eu ficava enredado na teia das tuas artimanhas. Eu a fingir de inocente, o mundo a correr como devia, no caminho que nos levava a um precípicio que o meu medo de vertigens soube afastar-me a tempo. Tu a areia e eu a água, ambos a fugir pelos dedos de um destino que nos tentava agarrar numa praia perto de mais.

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