segunda-feira, junho 16, 2003

Plácidos dias
O andamento do tempo fazia lembrar a infância, tudo parecia planar numa existência sem sobressaltos. Seguia a vida como quem tem um encontro marcado, não se podia atrasar nem queria chegar cedo demais. A rotina do trabalho fazia que tivesse uma percepção especial do entorno, toda a vida estava compartimentada em secções diversas. Muitas vezes achava fria esta forma tão peculiar de agir, mas a comodidade da formula valia o esforço de não pensar o quanto desligada da essência se encontrava.
Ser estranho este que caminhava todos os dias ao seu lado, quase como uma sombra, e como tal sem uma caracteristica marcante. Foram passando os anos e a cumplicidade do ritual ligou-os de forma irreparável. Os laços forjados no desconhecido têm uma validade eterna e inquebrável. E ia decorrendo o tempo assim até ao dia que por motivos estranhos um dos personagens não fez o percurso. Foi o cair de um mundo, a confusão instalou-se na sua vida. Já não contava com a benece do apoio dado pelo companheiro de viagem. Nunca mais teve forças para sair e fazer o mesmo percurso, teve de mudar de trabalho e de casa. Nunca tinha sequer dirigido um bom dia ao companheiro de viagem.
Temos em nós o mundo que fazemos.

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