Ouve! Aquele leve murmúrio, está longe não esta? É a Morte. Ela espera por ti, sorrateiramente espera que vires a próxima esquina para te encurralar num beco negro, sem luz e solitário. Ouves? Lá longe ela caminha, de soslaio pousa o seu olhar em ti, aproxima-se, quer agarrar-te. Faz um barulho louco, põe-te doido. Não foges? Estás aterrado de medo, uma força tão grande te prende que nem um pé consegues mover, sentes o sangue enrijecer até te congelar os movimentos e o teu cérebro já não é quem comanda, só o medo te dirige. Que se passa contigo? Estás com medo? Da Morte?!! Não tenhas medo. Quando ela poisar a mão em ti será como um raio que te fulminará: a morte é aquela breve fracção de segundo em que és para deixares de ser. Tens medo da Morte? Devias ter medo da vida. Tens medo da Morte mas não te demoves do teu erro: o erro de viveres pelo mundo sem viveres, sem gozares o momento em que respiras, sentes e vives. Tens medo da morte mas esqueces-te de viver.
(1989)
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