Todos os dias te servia, com simpatia como sempre deve ser. Tu pagavas sempre com uma moeda, eu aceitava claro, como tem de ser. Era o teu empregado de todos os dias e o meu patrão dizia que assim continuaria a ser. Tu nunca me olhavas nem mesmo que eu quisesse. Parti muitas chávenas a tentar que assim fosse. Bebias café todos os dias e sempre à mesma hora. Eu ansiava todos as manhãs por esse momento, como um apaixonado acaba sempre por fazer. Tu bebias o café quente por entre travos de cigarros que deixavas a sobrevoar. Pediste-me lume uma vez, e olhares para mim foi o suficiente para a minha paixão descobrires. Não corei para evitar mostrar o que já estavas a ver. Tu sorriste-me num obrigado de malandrice. Pagaste-me com a moeda de sempre, mas deslizaste a tua mão sobre a minha, para mostrares a suavidade do teu tacto, o que eu sempre imaginei assim ser. Olhaste-me de soslaio quando me virei e tive a certeza que era para eu te poder ver. Perguntaste-me o meu nome que eu me engasguei a dizer mas que lá disse a corar a face. Foste embora sorrindo, repleta de provocação e passaste a tomar café noutro lado.
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