quarta-feira, abril 07, 2004

A rapariga do outro dia

Tinha poucos anos, comparados com a idade do universo. Era de cor castanha, mas de raça branca. E ainda todas as cores do cosmo no seu beijar. Cantava canções com as andorinhas, redemoinhava como um rio nas suas danças e berrava com uma angústia que fazia rir. Falava de sedução quando queria sorrir e não chorava senão quando a beijava. O seu sorriso era sempre mais belo quando contornado pela língua. Olhava como um toureiro olha um touro: ameaçador e temeroso. E quando encurralados, os olhos, era como gelo no deserto. Vestia-se do encanto que sabia despertar. Tinha poucos anos, mas apenas um dia para me dar.

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