Andávamos sempre de mão dada num pensamento sobre uma certa filosofia de vida. Um mundo encantado, quase privado e só para nós. Olhava-me com sabedoria com uma presença que sabia só sua. Nunca mentíamos. A verdade, por vezes, parecia um carrossel que nos punha tontos e que, por vezes, doía como se nos estivessem a picar agulhas. Obrigava-me à sinceridade fazendo-me vergar à sua doçura. Falava com desenvoltura num despique de palavras muito especial, uma guerra que amávamos e que nunca ninguém ganhava. Não era preciso ninguém vencer. Um combate de esgrima onde nunca se marcavam pontos, a pontuação ficava nas frases. Ela nunca se impunha mas defendia o seu querer com muito mais querer que o meu. Tinha dela essa impressão. Chegávamos a falar de coisas desnecessárias mas muito importantes. Tinha sempre a sua razão mesmo quando queria que ela não a tivesse razão nenhuma. A sua inteligência era sexy. Dava vontade de acreditar que as pessoas não ligavam à beleza física. Até parecia possível. Não que com ela fosse preciso.
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