Tinha acabado de perder o irmão. Molhou os pés na berma de um lago ladeado de árvores altas que davam amplas sombras e que filtravam o sol fazendo-o vibrar cintilante na água tépida. Estava sozinha e ainda mais sozinha. Um grito de dor soltou-se-lhe da boca afugentando os pássaros que bateram asas, voaram um pouco sobre o lago e, já sem medo do grito triste da rapariga, voltaram a poisar nos ramos que haviam abandonado. Havia telefonado a todos os seus amigos para que não ficasse sozinha, mas continuava sozinha. Porque quis. Porque quis encontrar o seu irmão numa qualquer água. A água que era o símbolo da perda do seu irmão, porque aí o tinha perdido. Encheram-se de água cristalina e salgada os seus olhos quando lentamente mergulhou desfalecida num lago pouco profundo.
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