sábado, março 27, 2004

Deste amor impossível

O grito. Voz surda que reclama direitos. Que não tem. Que nãos abe se quer ter. ainda grita. E gritara, enquanto durar a dor. Todo o prazer, e ainda: a dor. Quer; não pode. Amar. Ouve-se um grito: de dor? De prazer? Raciocina, conjuga as palavras. Não sabe, não conhece a resposta. Dor pelo prazer; ou, prazer pela dor? Sabe que está preso. Que se enredou numa teia, num bosque de árvores densas. Não pode sair, não pode escapar: daí, desse local recôndito, a floresta, ouve-se partir um grito. Este amor impossível. Incomum. Um amor por descobrir. Que é amor e não é. Amor. Existe, e no entanto não se concretiza. A voz grita, já como vício. Amor sem regras, sem estereótipos. Impossível, tanto é. Hoje. Tanto não é. Amanhã. Foi e deixou de o ser. Tantas vezes. A memória esqueceu-se da própria memória. Abandonou-se. Já se esqueceu. O tempo. Já não se quer lembrar. O amor. Impossível. Que se reencontra em sucessivas aventuras. Separadas por um tempo. Ainda quer esquecer o tempo, o grito. Preenchido por palavras... de palavras de amor. As quais se tomam por um outro sentimento. Falso. Para enganar. O sentimento. A voz ainda grita, o amor impossível. E grita, com toda a força que possui, para não ter de ouvir... o próprio grito.

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