Quero lavar-me em lágrimas e deixar para ti a minha alma limpa. Retirar o pó escuro de recordações passadas e dos bocados dispersos dos remendos de um coração. E nessa água de lama, nessa mistura viscosa de decepções que não se misturam no correr límpido do tempo que, ainda disperso, já é nosso, adorar as canções dos teu suspiros de mel a escorrer pela parede táctil do meu rosto. Amar a vibração tépida dis sons de África; o ribombar do teus lábios a baterem eufóricos sobre os meus, pateticamente trémulos e desejosos. Acordar de manhã no lugar que agora sonho e nessa ilusão de te ver difusa, perder-me na inconstância do passado, tão sujo, mas que eu limpo suavemente agarrando as tuas lágrimas com as minhas. E entrelaçadas nesse querer hão-de transformar água em ácido e derreter a sólida e inamovível montanha do passado. Formando um rio que corre numa direcção serena de aleatoriedade mas carregando uma água cristalina de um sentimento nascente.
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